Um comerciante amigo do grande poeta Olavo Bilac, queria
vender um sítio.
Amigo, você que sempre me visita e conhece bem
meu sítio, poderia redigir um anúncio de venda, para que seja publicado no
jornal?
Aceitando o pedido, com completa disposição, Bilac pegou o papel e redigiu o anúncio: “Vende-se um lindo sítio, afastado da cidade, onde você vai gozar descanso e felicidade. Tem pomar que o ano todo é o salão onde as aves executam seus gorjeios em sinfonias suaves e as falenas no canteiro, adejam entre os agaves. Tem, no silêncio da noite, a lua mostrando recato, quando a brisa deleitosa embala as plantas do mato e a relva dorme escutando o acalanto de um regato. Sua casa proporciona um conforto permanente e é, pela manhã, banhada nos raios do sol nascente. A varanda, à tarde, tem uma sombra envolvente... ”
Terminada a redação do texto, o poeta entregou o anúncio ao amigo. Passado algum tempo se encontraram novamente, quando o poeta perguntou:
“Amigo, vendeu o sítio no valor correspondente?”
O comerciante respondeu:“Estimado Bilac, nem pensei mais nisso. Quando li aquele anúncio desisti, na mesma hora, de vender o meu paraíso!”
Às vezes alguém chega para nós, e com a
palavra certa, com a observação adequada muda nosso ângulo de visão, faz-nos
quebrar os paradigmas e, entendemos que certas coisas de que tanto precisamos e
achamos não ter, estão bem do nosso lado...
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